Comunidades flutuantes na Amazônia: a vida regida pelas águas em meio a paisagem deslumbrante

A cidade de Tefé, a 1 hora de voo a oeste de Manaus, é a porta de entrada para a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. No período de cheia, a região fica alagada com a subida do rio Solimões. Quando cai a noite a certeza é o grande aumento na quantidade de insetos voadores.

Depois de dois dias subindo o rio Solimões, partindo de Tefé, chega-se à Comunidade de Batalha de Baixo. Algumas casas flutuam, construídas em cima de troncos de assacu. No coração da Amazônia, esta casa surpreendeu particularmente pela decoração com símbolos de um time de futebol paulistano.
O povoamento da Amazônia, além dos índios nativos, se deu pela migração de nordestinos (principalmente cearenses) e comunidades quilombolas. Algumas famílias, mesmo apresentando feições indígenas, vivem e se reconhecem como ribeirinhos (a separação das comunidades indígenas e ribeirinhas é bem marcada, estando os índios dentro da mata e em terra firme, diferentemente dos beiradeiros).
 
No período da cheia, as casas que não são flutuantes são invadidas pelas águas. Raias, cobras e jacarés são perigos naturais. Os moradores, acostumados ao ciclo das águas, elevam o nível do piso das casas com tábuas que dão o nome de "girau". Os mais velhos relataram que a cheia de 2015 foi a maior desde 1953.
Durante a cheia, os moradores da comunidade de Santa Fé vivem acima das águas. Em julho de 2015, o biólogo Pedro da Glória e sua equipe faziam uma etapa de campo da pesquisa sobre a saúde bucal dos ribeirinhos da Amazônia. O pesquisador colheu dados sobre a dieta dos habitantes, além de tirar suas medidas, coletar saliva e placa bacteriana e aplicar questionários socioeconômicos.
Para moradores de regiões urbanas, a fauna local às vezes surpreende. O Matá-Matá se assemelha a uma tartaruga com pescoço de serpente e vive em águas superficiais.
A principal atividade na região protegida é a pesca, feita apenas por seus habitantes. Em alguns casos a espingarda é levada como precaução contra cobras, jacarés e até mesmo onças.
A situação econômica de extrema pobreza contrasta com a felicidade dos ribeirinhos, que têm peixes em abundância para alimentação e paisagens deslumbrantes da floresta.
O meio de locomoção mais popular é a "rabeta", motor à gasolina na popa de pequenas embarcações. O litro da gasolina chega a custar R$ 5 nas cidades próximas e o combustível também abastece alguns geradores de energia. Nas comunidades não há cobertura de telefone ou internet.
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