Em close-ups, fotógrafo transforma criaturas repulsivas em arte abstrata

O trabalho do fotógrafo de natureza Michael Kern concentra-se em retratar como animais muitas vezes tidos como arrepiantes por algumas pessoas, como cobras, aranhas, lagartos, sapos e outros, podem ser incrivelmente belos. "Para muitas pessoas, meus retratos destes animais cumprem este propósito. No entanto, muitas outras não conseguem superar a barreira imposta por seu medo ou a ansiedade gerada quando elas olham para uma aranha ou uma cobra, não importa o quão bonitas elas sejam. Então, fiz experimentos para ajudar estas pessoas a encontrar esta beleza", diz Kern.
"Por meio da manipulação digital, tentei transformar as criaturas em imagens abstratas, até que tudo que resta é a cor e a textura - ou, como gosto de dizer, 'a beleza das feras'. Não manipulei as cores das imagens, elas são a paleta da natureza. Acredito que as formas criadas geram dois efeitos. De longe, as cores e formas têm sua própria alma. Elas dão personalidade ao espaço em que se encontram. Mas, quando vistas de perto, há infinitos detalhes e tesouros escondidos para que o observador os descubra. Chamo esse trabalho de Realidade Abstrata."
Kern explica que a técnica usada por ele nestes trabalhos é relativamente simples. O fotógrafo começa com uma imagem e busca pelo componente mais interessante, seja a cor, um padrão, uma textura ou os três. Tira esta parte e, usando a nova imagem, experimenta e amplia o trabalho.
"Não tem uma fórmula. Algumas vezes isso funciona, outras, não. Mesmo que o resultado final seja 'artístico' ou não, o processo criativo é fascinante para mim."
"Quando consigo algo interessante, paro com a abstração e começo a trabalhar nas bordas, dando mais personalidade ao trabalho. Para mim, as extremidades da abstração são quase tão importantes quanto o caleidoscópio interno", diz Kern.
Padrões não são incomuns na natureza, explica Kern, mas normalmente ficam escondidos. "Até mesmo sons têm geometria, como mostram estudos em que diferentes frequências são aplicadas a areia ou água para criar padrões complexos."
"Quando comparo minhas abstrações com as imagens criadas nestes estudos de sons ou padrões naturais, como os de flocos de neve, posso ver padrões geométricos em comum. Mesmo tento total liberdade na criação das imagens, é como se sua construção seguisse uma harmonia intrínseca dos elementos da natureza", diz Kern. Ele acredita que o efeito de "quebra-cabeça" das imagens faz o espectador tentar adivinhar qual animal foi usado como base. "Apesar da foto original ser útil para desvendar este enigma, procuro mantê-las separadas para que as pessoas apreciem a abstração. As impressões causadas podem não ser as mesmas se a imagem original é conhecida, especialmente se for de um animal o qual o espectador teme."
O objetivo de Kern é criar algo único, mas ele diz que o conceito em si não é novo. O fotógrafo explica que o movimento cubista, iniciado por Georges Braque e Pablo Picasso no início do século 20, compartilhava do mesmo princípio básico de buscar em imagens naturais suas equivalências geométricas. "Nos trabalhos cubistas, objetos em três dimensões são analisados, separados em diferentes partes e reagrupados em formas abstratas. O elemento mostrado a partir de diferentes pontos de vista é representado num contexto mais amplo. De certa forma, isso é exatamente o que faço - com fotografia em vez de pintura."
"Amo criar estes trabalhos e vê-los evoluir. A natureza repetitiva do processo é quase uma meditação. São tanto o criador quanto o espectador", afirma o fotógrafo. Kern explica que agora está buscando trabalhar com outras áreas da natureza, além de répteis, anfíbios e invertebrados. "Espero começar a experimentar com técnicas de impressão para estas abstrações... tecidos, papéis de parede e transparências."
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