Neste exato momento, em todo o mundo, milhares de animais estão prestes a servir de refeição para outros.
Mas quando começou essa carnificina? Será que os predadores vêm rondando a Terra desde a própria origem da vida? Ou será que nosso planeta um dia foi um Jardim do Éden, onde as espécies tinham uma convivência pacífica?
A verdade é que ninguém sabe responder com certeza a essas perguntas. Mas biólogos evolucionistas já aprenderam o suficiente sobre a história da vida na Terra para começar a caçar o primeiro predador do mundo.
E mais: o trabalho deles sugere que essa "fera" tinha uma aparência completamente diferente da dos grandes predadores da atualidade.
Em busca de pistas
Recentemente foi descoberto que as mandíbulas dos vertebrados modernos datam de 420 milhões de anos atrás e que os dentes apareceram há 500 milhões de anos.
Mas predadores podem matar sem causar uma lesão corporal. É o caso de algumas plantas carnívoras, que aprisionam insetos e os afogam e devoram.
Por isso, se predadores não precisam de dentes e mandíbulas, eles podem ter surgido muito antes da marca dos 500 milhões de anos.
Esses predadores datam exatamente da época da primeira abundância de vida animal sobre a Terra, há cerca de 540 milhões de anos.
Eles são conhecidos coletivamente como anomalocaridídeos, nome que significa "camarão anômalo".
O nome cai bem: essas criaturas eram animais marinhos de aparência estranha, que chegavam a medir 2 metros de comprimento, tinham olhos eficazes e um par de pinças habilidosas perto de suas bocas.
"Eles são os primeiros ‘megapredadores’ do mundo", diz Lindsey Leighton, da Universidade de Alberta em Edmonton, no Canadá.
Cientistas hoje acreditam que os anomalocaridídeos usavam a boca para sugar vermes invertebrados que habitavam o lamacento fundo do mar.
Vilões microscópicos
É importante lembrarmos que nem todos os predadores são grandes. O mundo dos micróbios está repleto de minúsculos assassinos, capazes de causar um massacre em escala microscópica – algo que eles vinham fazendo muito tempo antes do aparecimento dos anomalocaridídeos.
Há uma década, Susannah Porter e seus colegas da Universidade da Califórnia em Santa Barbara descobriram amebas fossilizadas em rochas de 740 milhões de anos e perceberam que esses organismos tinham desenvolvido uma membrana resistente, semelhantes às carapaças e exoesqueletos que evoluíram em animais grandes há 550 milhões de anos, quando os grandes predadores apareceram.
Muitos daqueles fósseis traziam orifícios semicirculares de cerca de 20 micrômetros (ou 0,02 milímetros) de diâmetro. Eram provavelmente as marcas deixadas por algum micróbio predador não identificado que perfurava as membranas para consumir os nutrientes do interior daqueles organismos, como as chamadas "amebas vampiras" (Vampyrellidae) fazem hoje em dia.
Esses pequenos buracos são a mais antiga evidência da existência de minúsculos predadores.
Moléculas vorazes
E o consenso geral é de que os primeiros procariontes – os primeiros organismos celulares do mundo – surgiram cerca de 3,5 bilhões de anos atrás.
O cientista Thomas Cavalier-Smith, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, acredita que esses ácidos nucleicos, que hoje agem como catalisadores que quebram outras moléculas, provavelmente faziam isso em comunidades pré-celulares.
Alguns se ligariam a outros ácidos nucleicos para quebrá-los, atacando e destruindo-os para alimentarem seu próprio crescimento e replicação.
Em outras palavras, essas moléculas provavelmente se comportavam como predadores.
Se Cavalier-Smith estiver certo, esses primeiros predadores podem não ter tido uma aparência particularmente feroz, mas essas moléculas são incrivelmente importantes. Elas sugerem que desde sua origem, a vida tem sido perturbada pela intenção de predadores de provocar a morte."
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