BBC Brasil
A realidade: As abelhas assassinas são na verdade menores do que as abelhas mais comuns. Seu veneno também é menos poderoso. Elas são agressivas, menos em Porto Rico.
A história das abelhas assassinas pode parecer uma história de ficção científica.
Em 1956, um cientista brasileiro chamado Warwick Estevam Kerr importou abelhas africanas para a América do Sul com a intenção de criar uma linhagem mais produtiva. Algumas delas escaparam e procriaram com abelhas europeias, dando origem a uma nova espécie híbrida.
No início dessa invasão, as abelhas africanizadas foram apelidadas de "abelhas assassinas", inspirando pelo caminho uma onda de medo e de filmes de segunda categoria.
Mas a verdade sobre as abelhas assassinas não é bem aquela que esses filmes nos levam a acreditar.
Para começar, as abelhas africanizadas são levemente menores do que suas primas europeias, então carregam também menos veneno. Esse veneno não é mais potente, então se considerarmos abelha por abelha, a abelha assassina representa uma ameaça menor.
Essa resposta agressiva ajuda a explicar por que as abelhas africanizadas causaram a morte de centenas de pessoas nos últimos 50 anos.
Na ausência de uma reação alérgica, são necessárias cerca de mil ferroadas para injetar uma dose letal de veneno em um adulto de porte médio. As abelhas europeias raramente são tão combativas. Mas as abelhas africanizadas podem ser.
"O apelido dá a impressão de que essas abelhas estão aí para matar, quando elas na verdade estão defendendo sua colmeia", afirma Rivera-Marchand.
"Independentemente do quão defensiva uma colmeia seja, abelhas à procura de alimento no campo não atacam e não há um comportamento agressivo verificado em enxames", complementa.
Além disso, Rivera-Marchand descobriu uma particularidade em seu próprio "quintal": as abelhas africanizadas de Porto Rico, onde elas foram detectadas pela primeira vez em 1994, têm um comportamento defensivo mais reduzido.
Em um estudo publicado em 2012, ele e seus colegas demonstraram que as abelhas porto-riquenhas são mais lentas para ferroar e fazem isso com menos frequência do que as abelhas africanas do resto do continente. As abelhas assassinas de Porto Rico se comportam exatamente como as abelhas europeias.
A composição genética dessas abelhas "mansas" possui o padrão inconfundível das abelhas africanizadas. Ainda assim, por alguma razão ainda não descoberta, em menos de 20 anos elas perderam a agressividade que se espera de abelhas assassinas."
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