Quando uma epidemia atinge a colmeia, as abelhas ficam lentas e desorientadas, e muitas delas não resistem.
Mas os cientistas descobriram que dentro da sociedade das abelhas existe um conjunto de "abelhas enfermeiras" que espalham uma forma medicinal de mel que ajuda a curar doenças.
Um grupo de abelhas operárias, quando acometido com algum parasita, se alimenta com mel que possui alto nível antibiótico, segundo estudo de Silvio Erler, cientista da universidade alemã de Martin Luther, em Halle.
Essas abelhas enfermeiras também distribuiem mel às demais na colmeia, para combater epidemias.
Mel terapêutico
O estudo mostrou que para aquele parasita, as abelhas que se alimentaram de mel de girassol reduziram o nível de infecção em grau 7% superior às que se alimentaram dos outros tipos de mel.
Um estudo de setembro de Erler mostrou que o mel de girassol é mais eficaz contra a cria pútrida americana - uma doença que atinge abelhas. Já a cria pútrida europeia é melhor combatida com mel de tílias.
"Algumas abelhas estão em posição excepciona dentro de suas colônias para distribuir o mel certo e reduzir bastante as epidemias", diz Erler.
O que os cientistas querem identificar agora é o grau de instrução das abelhas. Elas são capazes de identificar quais tipos de mel curam melhor determinadas doenças?
As abelhas estão constantemente ameaçadas por doenças, aquecimento global, poluição e novas técnicas de agricultura. Erler acredita que essa capacidade "medicinal" das abelhas enfermeiras pode ser uma arma poderosa.
"Apiculturistas poderiam cultivar determinados tipos de mel para proteger suas colônias de doenças específicas", diz.
Mas Francis Ratnieks, da universidade britânica de Sussex, diz que esse tipo de técnica tem efeito limitado.
"Se depois de seis dias comendo apenas um tipo de mel, a abelha reduziu o nível de infecção em apenas 7%, eu imaginaria que o efeito no resto da colmeia seria menor. As abelhas costumam coletar mel principalmente para se alimetar, não como forma de medicação", diz Ratnieks.
As abelhas, assim como insetos como a formiga, também são conhecidas por seus hábitos "higiênicos". Abelhas operárias transportam o corpo de abelhas mortas para longe da colônia, para evitar a disseminação de doenças. Ratnieks trabalha cultivando abelhas que praticam isso com maior frequência, na esperança de gerar colmeias mais resistentes a doenças.
A capacidade de achar remédios é algo comum a muitos animais na natureza.
Assim como os humanos desenvolveram a aspirina contra dores de cabeça, chimpanzés usam folhas de algumas árvores para matar parasitas em seu estômago. Já as cabras comem vegetais com alto teor de tanino quando sofrem com vermes."
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