Garoto de 7 anos encontra primo vegetariano do tiranossauro rex

Concepção artística do Chilesaurus diegosuarez
Da Folha de S. Paulo

"O chileno Diego Suárez, filho de geólogos, tinha sete anos de idade quando, durante um passeio pela Patagônia com os pais e a irmã, disse que ia procurar fósseis. Após martelar algumas rochas, ele não apenas cumpriu a promessa como também acabou achando um dos dinossauros mais esquisitos já registrados pela ciência.

A criatura, apropriadamente batizada de Chilesaurus diegosuarezi pelos cientistas argentinos que estudaram seus restos, é parente de alguns dinos devoradores de carne como o Tyrannosaurus rex e o velociraptor.

Mas ele não passava de um herbívoro com no máximo 3 m de comprimento.
Esses e outros detalhes estão descritos em artigo na revista "Nature". A pesquisa foi coordenada por um dos principais caçadores de dinossauros da América do Sul, Fernando Novas, paleontólogo do Museu Argentino de Ciências Naturais, e tem como um de seus coautores o pai de Diego, Manuel Suárez, da Universidade Andrés Bello, em Santiago.

Em parte, a descoberta do garoto chileno, que aconteceu em 2004, foi facilitada pela abundância de material fóssil nas vizinhanças do lago General Carrera, nos Andes patagônicos. Havia no local ao menos cinco esqueletos articulados do novo dinossauro, incluindo tanto espécimes jovens quanto adultos, além de parentes extintos dos crocodilos e jacarés.

Suárez estava acostumado a acompanhar os pais em suas idas a campo e sabia diferenciar os ossos de animais mortos hoje dos ossos fossilizados. "Reconheci a textura, eram meio azuis", contou ele, hoje com 18 anos, à rede BBC. Ele levou os achados para o pai e a mãe, que entraram em contato com os especialistas da Argentina.

MOSAICO
 
Uma olhada de relance na ossada do C. diegosuarezi é suficiente para deixar um paleontólogo meio zonzo, porque a anatomia do animal é um mosaico, com características que aparecem nos mais variados grupos de dinos.


Os dentes, o bico e o quadril, por exemplo, lembram traços dos ornitísquios, herbívoros que frequentemente eram bípedes, tal qual a espécie chilena. Já suas patas traseiras se assemelham parcialmente às dos saurópodes, também comedores de plantas, embora normalmente quadrúpedes e pescoçudos, como os brontossauros.

No entanto, ao comparar a maior quantidade possível de detalhes do esqueleto da criatura com traços equivalentes em outras espécies de dinossauros, Novas e companhia concluíram que ele é um legítimo terópode, ou seja, membro do grupo do T. rex.

A explicação mais plausível para as esquisitices da espécie chilena é que se trata de um animal relativamente primitivo que conservou traços de diversos grupos de dinos que foram se perdendo conforme a evolução dos demais terópodes foi produzindo formas cada vez mais especializadas de carnívoros.

Por outro lado, ao se tornar herbívoro, ele também desenvolveu suas próprias especializações evolutivas, como o formato do púbis, que teria facilitado o aparecimento de um intestino maior e, portanto, mais adequado para processar matéria vegetal.

Suárez disse que pretende estudar engenharia e que quer continuar sendo paleontólogo amador. "É muito emocionante ter um dinossauro com o seu nome, mas o melhor é que ele tem o nome do Chile", declarou, num arroubo de patriotismo."
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